Palestra realizada por Dom Filippo Santoro, Bispo de Petrópolis, por ocasião do II Congresso da Pastoral da Educação da Diocese de Petrópolis, em 22 de setembro de 2007, no Instituto Social São José.
De 13 a 31 de maio de 2007, foi realizada a 5ª. Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe, em Aparecida, São Paulo.
Este evento foi marcado e orientado pelo discurso do Papa Bento XVI em seu discurso na Sessão Inaugural. Como responder aos desafios do nosso tempo? Dentre os vários desafios, destacam-se o da educação e o problema das novas denominações religiosas e seitas.
Um outro aspecto a ressaltar é que esse encontro foi marcado pela bela liturgia e pela presença de Nossa Senhora Aparecida. As missas eram celebradas no altar central da Basílica e muitos romeiros participavam, sobretudo nos finais de semana. Nas sextas-feiras eram cerca de trinta mil e nos sábados, oitenta mil. No domingo de Pentecostes chegou-se a cento e vinte mil pessoas. Um povo simples, uma fé sofrida e forte dos romeiros, sustentava as discussões. O que os bispos faziam, partia da presença desse povo cheio de tantas dificuldades, mas que dava para se ver que era sustentado pela fé, pela presença do Senhor. E depois, a variedade e seriedade dos pastores, pois estavam bispos de toda a América Latina e do Caribe. Cada um com a sua cultura, com a sua forma de pensar, mas o valor preponderante é que nessas diferenças se percebia a ação do Espírito Santo que nos conduzia.
Aparecida foi um momento memorável! Por dez anos ou mais, retomaremos o que esta Conferência nos ofereceu.
Neste primeiro momento de minha palestra, retomo a mensagem “alegria de sermos discípulos”. O ponto de partida não é uma discussão, nem mesmo uma problemática, mas a alegria daqueles que encontraram o Senhor. O que pode transformar a vida? Não é a análise de outros discursos, mas a experiência bonita que podemos fazer como os primeiros discípulos. A alegria do encontro com o Senhor diz algo à vida, atinge a nossa vida e a transforma.
Segundo o Documento de Aparecida, o discípulo não nasce do diagnóstico, da análise ou da discussão, mas da erupção do Espírito e do valor da atração, quando o Espírito extraordinário faz erupção na nossa vida habitual. É algo diferente que entra na vida e oferece um significado, uma esperança, oferece um valor, ou seja, é a presença do Mistério de Deus feito homem que acompanha os nossos passos.
Como se forma, então, o discípulo nos itinerários educativos? E aqui está a questão dos nossos debates em Aparecida. A origem do discípulo está no dom do Espírito que faz acontecer algo novo na vida da Igreja e da sociedade, alguma coisa que não existia, como quando nasce uma criança ou como quando uma pessoa se apaixona de repente. Esse algo entra na vida e você não tinha calculado. É o Espírito de Deus que nos contagia.
O discípulo-missionário é aquela pessoa tocada pelo Espírito, que experimentando este algo novo, torna-se imediatamente missionária.
Vamos enfocar algumas questões fundamentais, para que possamos entrar na temática da educação.
O método de Aparecida foi “ver”, “julgar” e “agir”. O ponto de partida não é uma análise sociológica da realidade ou um discurso sobre as condições, mas os olhos e o coração dos discípulos. É a novidade que o Senhor introduziu na história, a partir da experiência do ver dos discípulos, do ver que tinha Pedro, Tiago, João. São Mateus depois do encontro, muda a vida. Ele estava no banco da coletoria dos impostos e muda sua vida no ver do encontro com o Senhor.
Ver a vida dos nossos povos hoje, particularmente, com a temática da globalização, em seus efeitos positivos e negativos. Ver qual é a vida dos nossos povos aqui na América Latina e no Caribe.
Julgar a vida de Jesus Cristo nos discípulos e missionários. O que caracteriza a vida dos discípulos? Qual é a qualidade de vida dos discípulos? O que Jesus coloca de novo no coração e na vida? Qual é a novidade?
Agir: A dimensão missionária. A vida de Jesus Cristo para nossos povos. O que se oferece para a vida dos nossos povos? A importância dos grandes temas: defesa da vida, família, cultura, as várias diferenças existentes na sociedade. Na temática ecológica, uma grande atenção dada à Amazônia. E também uma atenção aos afro-descendentes. Um atenção à problemática humana emergente no nosso tempo, às circunstâncias nas quais vivemos, iluminada pela própria vida de Jesus. Nesse tema, o fio condutor é a vida. O Papa Bento XVI o escolheu “para que em Cristo, os nossos povos tenham vida.”
A TEMÁTICA GERAL SOBRE A EDUCAÇÃO
A Conferência de Aparecida observa algo que nós também constatamos: as tradições culturais não se transmitem de uma geração a outra com a mesma fluidez que no passado. Antes era normal que o modo de viver dos pais fosse transmitido aos filhos. Hoje, não é tão fácil assim. Com toda a educação de pais católicos nascem filhos diferentes; em famílias maçônicas e comunistas aparecem filhos católicos. Isto afeta o núcleo mais profundo de cada cultura constituído pela experiência religiosa. Quando a família vive uma experiência religiosa, não é automático que os filhos sejam religiosos, pois entra em jogo muitos outros elementos.
D.A 328 – Por que estamos diante da “emergência educativa dos discípulos e missionários”? Devido às reformas educacionais feitas pelos governos da América Latina e do Caribe, que denotam um reducionismo antropológico, uma visão da pessoa humana reduzida ao qual foi cortada a relação com o transcendente, com o Infinito. Reduzida simplesmente ao plano material, instintivo, ao consumo, sem a perspectiva da relação com o Mistério. Muitas legislações falam sobre isso. O que a escola deve fazer neste mundo competitivo? Preparar para o mercado, para o trabalho e para o consumo. É justa, mas não é o único processo da formação. Com frequência, propiciam fatores contrários à vida, à família e a uma sexualidade sadia. Muitas vezes, esta forma de educação reduzida simplesmente à produção, ao consumo e à cidadania, que são importantes, mas que tem toda a dimensão do encontro com o significado, com o Mistério que é reduzida ou eliminada
Um exemplo desse reducionismo antropológico é o livro didático “Nova História Crítica”, do historiador Mario Schimidt, da Editora Nova Geração. Particularmente os exemplares para a 8ª. séries, na avaliação do ano 2007 para 2008, serão proibidos por ser de cunho de doutrinamento. É um livro de distribuição gratuita pelo Governo Federal. Há muitas discussões de que a escola não pode ser confessional e esse livro no seu conjunto é um confessionalismo puro à ideologia marxista.
Os temas capitalismo, marxismo, Mao-Tsé, Revolução Cubana, Revolução Chinesa são os novos deuses desses tempos. É uma certa visão da realidade que se apresenta como científica e elimina totalmente a referência ao transcendente, que elimina qualquer contato com o Mistério, que elimina a referência ao significado da vida. Aplica de forma grosseira a dialética marxista ao método científico, dizendo que esta é a única visão da realidade. Muitas aulas de história são lutas ferozes contra a Igreja, pois é uma visão unilateral da realidade que não tem nada de científico. A experiência do Mistério é considerada para estes como uma alienação, sendo que muitos cientistas afirmaram o valor do Mistério. Portanto, o contexto em que nós vivemos é de um reducionismo antropológico.
O Documento de Aparecida afirma que não se desenvolve a dimensão religiosa, nem se oferecem caminhos para superar a violência, porque não é explicado o fundamento da dignidade da pessoa. Desde criança, a pessoa tem uma dignidade infinita. Deve ser respeitada não apenas porque é cidadã, mas porque é um mistério do Altíssimo, feita imagem e semelhança de Deus.
A Educação é o lugar privilegiado da promoção e formação integral mediante a assimilação sistemática e crítica da cultura. Promover a pessoa integralmente, não somente no aspecto da produção, do consumo e da cidadania, mas também na sua relação com o significado do Mistério. A educação humaniza e personaliza o ser humano quando consegue que este desenvolva plenamente seu pensamento e sua liberdade. A educação, dessa forma, como relação com todas as coisas, como introdução à realidade total.
A formação integral comporta a defesa da religiosidade aberta a um fim. É uma exigência à abertura ao Infinito, não da religião, mas da razão, que busca um significado. A razão quer conhecer, chegar ao Mistério. Ela não pode ser reduzida ao puro antecedente biológico. Uma pessoa reduzida a um mecanismo, é reduzida aos seus antecedentes biológicos. Em cada um de nós, há dois elementos: o corpo material (inserido plano normal da criação) e o elemento da relação com o Mistério, que é a nossa alma imortal e irredutível aos mecanismos materiais. Somos feitos com vários mecanismos, no entanto há algo em nós que é maior que eles. Em cada pessoa existe a exigência de Infinito, pois é relação com o Mistério.
Dessa forma, a obra educativa não é apenas do professor de religião, mas de todos os educadores.
É preciso educar plenamente a pessoa para viver seu significado. A abertura ao Infinito precisa ser permanentemente educada, uma vez que, sem uma educação, não se sustenta. É necessário algo que nos desperte. Por que o Senhor Jesus veio ao mundo? Para salvar a religiosidade do homem, para salvar essa abertura ao Infinito. E por que existe a Igreja? Para salvar a natureza humana. Para que fazemos a Pastoral da Educação? Para não reduzir a nossa atividade de educadores, para uma formação continuada dos educadores. Sem a formação nos fechamos.
Como Jesus educava? Ele formou pessoalmente os seus apóstolos e discípulos, usando o método: “Vinde e vede”. Vem e faça a experiência de que “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Venham e vejam essa novidade que sou Eu para a vida de vocês, essa novidade que sou Eu para o mundo. Como Jesus, podemos desenvolver as potencialidades que há nas pessoas e formar discípulos-missionários. Portanto, a educação como desenvolvimento pleno e realização da pessoa, com perseverante paciência e sabedoria, como Jesus convidou a todos para segui-Lo.
Mesmo depois de tanto tempo da permanência de Jesus com os apóstolos, não tinham entendido nada. Porém, eram apegados à pessoa de Jesus. Isso era importantíssimo! Os que aceitaram seguir Jesus foram introduzidos no mistério do Reino de Deus. Depois de sua morte e ressurreição os enviou a pregar a Boa Nova com a força do Espírito. Portanto, a educação se faz com paciência, perseverança e sabedoria, segundo uma experiência que ajuda a mudar.
Educa-se pelo fascínio de algo que atrai e conquista, que faz desenvolver e dar um passo a mais. Jesus despertava emoções profundas em seus discípulos e estes ficavam atraídos e maravilhados! A maravilha utilizada como método educativo. O seguimento é fruto de uma fascinação que responde ao desejo de realização humana, ao desejo de vida plena. O discípulo é alguém apaixonado por Cristo, a quem reconhece como Mestre, que O segue e O acompanha. DA 277. Essa que é a verdadeira comunicação. Não é comunicar conceitos. O ponto de partida de nossa pastoral é essa experiência que temos.
Para os educadores é importante a realidade do encontro com a pessoa de Cristo, não de um encontro qualquer, não de um discurso, nem uma série de indicações morais do que se deve ou não fazer. Isto é, que apesar das diferentes apresentações, todos os Evangelhos querem inserir-nos no encontro de fé com a pessoa de Jesus. A própria natureza do cristianismo consiste em perceber a presença de Jesus e o seguir. Essa foi a maravilhosa experiência daqueles que encontraram Jesus. Ficaram fascinados e cheios de assombro, diante da excepcionalidade dAquele que lhes falava, pela maneira como os tratava, correspondendo à fome e à sede de vida que havia em seus corações. Este é o método como Jesus tratava as pessoas e como olhava às pessoas. Esse é o método que podemos utilizar para uma efetiva experiência educativa.
O Evangelho de João deixou plasmado o impacto que produziu Jesus nos dois discípulos - João e André - que o encontraram. O que procuravam? Diante dessa pergunta, seguir um convite a viver uma experiência. O Senhor não dá explicação, mas convida: Venha comigo!
Por isso, a função da Pastoral da Educação, segundo Aparecida, é de uma educação que ofereça às crianças, aos jovens e aos adultos, o encontro com os valores culturais do seu país, descobrindo e integrando neles a dimensão religiosa. Necessitamos de uma Pastoral da Educação dinâmica, inserida nos processos educativos.
D.A. 379 – O tema da liberdade da educação vale não somente para as escolas particulares, onde seja dada uma educação específica, mas também para as escolas públicas. Cada família possui o direito de escolher a educação para seus filhos. Esta parece uma utopia, mas significa que posso matricular o meu filho na escola que eu acho mais conveniente, seja ela do Estado, particular, do Rabinato, do Islã, ou aquela que eu escolho.
Pelo fato de dar-lhes a vida, os pais têm a responsabilidade de oferecer a seus filhos condições favoráveis para o seu crescimento e a séria obrigação de educá-los. Por isso, têm que se reconhecer como os primeiros e principais educadores. O dever da educação familiar é a primeira escola e, quando falta, dificilmente pode ser suprimida.
A Pastoral da Educação é a presença educadora da Igreja no mundo da educação, que permite por meio de processos pedagógicos e educativos o encontro com o Evangelho. O mundo da educação é todo esse mundo complexo, no qual estamos mergulhados.
SÍNTESE
Neste II Congresso Diocesano manifestou-se uma maior maturidade. Aqueles que estão trabalhando na Pastoral da Educação começaram por um interesse pessoal, pelo desejo de levá-la a sério. Em primeiro lugar, não existe uma preocupação organizativa, antes um interesse pessoal suscitado pelo tema da educação, uma vez que estamos todos implicados neste caminho. Não se trata de um comando externo, mas é o interesse pessoal de aprofundar esta questão, visto que na Conferência de Aparecida recebeu um aprofundamento.
No primeiro bloco de respostas à pergunta “Como, por meio de nossa atividade educativa, formamos discípulos e missionários?”, evidencio as palavras “fascínio” e “atração”. Não há educação sem algo atraente para nós, educadores, que nos lance na aventura da vida e da arte educativa. Bento XVI, em seu discurso na explanada em Aparecida, mencionou que “o Senhor nos atrai por meio da sua beleza”. Também ligada à atração que exerce em nós, a força do testemunho, ou seja, o transbordar dessa Beleza encontrada. Nas salas de aula ou nos trabalhos da Pastoral da Educação é uma nova aventura e um novo testemunho que nos impulsiona. O que nos é dito, deve tornar-se um trabalho pessoal. Saiu o Documento de Aparecida, então começar a trabalhar!
Neste primeiro ponto, indico o valor do fascínio, o valor do aprofundamento comum do texto de Aparecida e, sobretudo, o amor ao que se faz e ao que se ensina. Não podemos ser educadores sem a experiência desse amor transbordante. É possível amar se partirmos de algo que vem antes. O ponto de partida é o fato de sermos amados pelo Senhor. Lembre-se do amor que o Senhor tem para com você! Foi Ele quem chamou e escolheu você e deu a vocação ao casamento, à vida familiar ou à vida consagrada. Agora, o que vamos fazer? Este ponto de partida tem o “antes”, que é a experiência do amor. Sem a experiência de sermos amados não podemos receber nem doar algo infinito e bonito. Não somos técnicos ou funcionários! Somos gente amada e escolhida por nome, somos discípulos! Da mesma forma ao longo do Mar da Galiléia, agora percorrendo as estradas de Petrópolis, Magé, Teresópolis, etc., Ele chama e convida: “Venha comigo na aventura da educação!” Tenham presente este fato que está na nossa origem, pois não se refere apenas com o que fazemos em sala de aula, mas tem a ver com o que somos na vida. Se o deixam de lado, estão perdidos! A nossa força é a presença do Mistério feito amigo, que nos toca e que vem antes de qualquer ação. Portanto, antes do início dos nossos dias, lembremo-nos que há Alguém que nos ama, nos quer bem e nos lança nas aventuras da vida.
Nesse segundo ponto, em “como ser e ter consciência crítica e profética diante de uma política de educação, que nem sempre respeita os direitos fundamentais dos cidadãos?”, afirmo que a realidade pode ser transformada. Não é verdade que não tem jeito! Algo pode mudar! Em primeiro lugar, mudo a minha pessoa por causa de uma esperança inefável. E isso já transforma a realidade, já é o princípio de um mundo novo nesta novidade que vive em nós. A realidade pode ser mudada ao assumirmos a nossa identidade e a nossa dimensão profética, ao reconhecermos a nossa origem e identidade, quem somos. Para isso é necessário um itinerário formativo. A Pastoral da Educação é uma grande escola, é uma experiência que nos acompanha ao longo de todo o itinerário formativo humano, uma formação continuada que acompanha os nossos passos, um atrás do outro. Existe para não nos deixar sozinhos e perdidos no nada, é uma experiência de unidade e de comunhão. Atenção: isso vale para todos – diretores, professores, padres, bispo. Se o bispo não possui uma experiência que continuamente o sustenta, fica sozinho. Se está unido aos padres e aos leigos, alimenta-se e pode sustentar outros. Se é válido para o bispo, então vale para cada um de vocês! Somos uma comunidade educativa, onde somos continuamente gerados, ajudados a crescer e a sermos protagonistas neste caminho. E neste itinerário formativo está aquela atitude profética. Escuta-se e ingere-se muitas coisas, como aquele livro “Nova História Crítica”. Sejamos críticos diante dessas reduções antropológicas! E a crítica é possível se temos um critério, ou seja, a nossa experiência pessoal humana e de fé. Não existe neutralidade na educação! Há uma perspectiva clara, esclarecida pelo Santo Papa como uma perspectiva integral, que envolve todas as dimensões da pessoa.
Ser profetas significa ter um juízo claro, mas também ter paixão pelos colegas e pelos alunos, oferecer o abraço a quem está perto de nós. Às vezes tem-se todos os juízos, no entanto não se relaciona com as pessoas. É importante esta questão de pessoas que manifestam o amor de Cristo (Deus Caritas Est), que exprimem um coração diferente, há uma postura afetiva de envolvimento com as pessoas. Esta comoção é um juízo, não é algo intelectual.
Coloco um outro ponto, a partir da pergunta: “O que há de concreto de organização e ação da Pastoral da Educação nos seu decanato e paróquia?
Até o ano passado não havia nada como referência à Pastoral da Educação e neste ano já estamos organizados em nível dos Decanatos. E precisamos prosseguir! Aqui proponho a atenção privilegiada ao trabalho dos decanatos, pois é ali que as riquezas são maiores, uma vez que estão as paróquias e os movimentos eclesiais. Vamos fortalecer a dimensão da Pastoral nos quatro decanatos como trabalho privilegiado, rigoroso e estável. Ao mesmo tempo, aquilo que se aprende nos decanatos deve ser desenvolvido também nas Paróquias.
Retomo que a Pastoral da Educação não é composta apenas pelos diretores e professores. Ela é transversal, incluindo as pastorais familiar, da juventude, universitária, social, carcerária, dentre outras. Por ser muito ampla, não seja restrita apenas à pastoral dos profissionais da educação e do ensino religioso, embora estes sejam um capítulo privilegiado. Trata-se de uma pastoral transversal que está inserida no Plano Pastoral de Conjunto da nossa Diocese, que existe em função da missão e do anúncio do Senhor Ressuscitado.
E um último conselho: dialogar com a estrutura pública institucional. Estão na escola, então tentem dialogar com a direção. São diretoras, busquem o diálogo com a secretaria de educação da cidade. Não podemos ficar passivos! Sejamos positivos, sejamos críticos, porque a nossa experiência de fé não é daquelas pessoas que ficam presas nas paróquias, vão à missa, fazem um momento de oração e fica tudo lá. A nossa experiência de fé entra na estrutura da vida concreta da sociedade, influencia a vida pública, influencia esta emergência educativa diante do reducionismo antropológico. Para que isso aconteça, precisamos fazer o nosso trabalho e para esta atenção é necessária a unidade em nossos decanatos e diocese. Em nível diocesano já existe uma condução afinada, que se reúne sistematicamente e faz referência também na Pastoral da Educação no Regional Leste 1. Este II Congresso foi possível porque existe um núcleo que vive uma amizade e, a partir disso, faz-se uma proposta para todos.
Desejo a vocês de continuarem nos decanatos e nas paróquias com esta intensidade e plenitude. É possível transformar a realidade a partir do abraço de Cristo e da nossa unidade. Obrigado!
De 13 a 31 de maio de 2007, foi realizada a 5ª. Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe, em Aparecida, São Paulo.
Este evento foi marcado e orientado pelo discurso do Papa Bento XVI em seu discurso na Sessão Inaugural. Como responder aos desafios do nosso tempo? Dentre os vários desafios, destacam-se o da educação e o problema das novas denominações religiosas e seitas.
Um outro aspecto a ressaltar é que esse encontro foi marcado pela bela liturgia e pela presença de Nossa Senhora Aparecida. As missas eram celebradas no altar central da Basílica e muitos romeiros participavam, sobretudo nos finais de semana. Nas sextas-feiras eram cerca de trinta mil e nos sábados, oitenta mil. No domingo de Pentecostes chegou-se a cento e vinte mil pessoas. Um povo simples, uma fé sofrida e forte dos romeiros, sustentava as discussões. O que os bispos faziam, partia da presença desse povo cheio de tantas dificuldades, mas que dava para se ver que era sustentado pela fé, pela presença do Senhor. E depois, a variedade e seriedade dos pastores, pois estavam bispos de toda a América Latina e do Caribe. Cada um com a sua cultura, com a sua forma de pensar, mas o valor preponderante é que nessas diferenças se percebia a ação do Espírito Santo que nos conduzia.
Aparecida foi um momento memorável! Por dez anos ou mais, retomaremos o que esta Conferência nos ofereceu.
Neste primeiro momento de minha palestra, retomo a mensagem “alegria de sermos discípulos”. O ponto de partida não é uma discussão, nem mesmo uma problemática, mas a alegria daqueles que encontraram o Senhor. O que pode transformar a vida? Não é a análise de outros discursos, mas a experiência bonita que podemos fazer como os primeiros discípulos. A alegria do encontro com o Senhor diz algo à vida, atinge a nossa vida e a transforma.
Segundo o Documento de Aparecida, o discípulo não nasce do diagnóstico, da análise ou da discussão, mas da erupção do Espírito e do valor da atração, quando o Espírito extraordinário faz erupção na nossa vida habitual. É algo diferente que entra na vida e oferece um significado, uma esperança, oferece um valor, ou seja, é a presença do Mistério de Deus feito homem que acompanha os nossos passos.
Como se forma, então, o discípulo nos itinerários educativos? E aqui está a questão dos nossos debates em Aparecida. A origem do discípulo está no dom do Espírito que faz acontecer algo novo na vida da Igreja e da sociedade, alguma coisa que não existia, como quando nasce uma criança ou como quando uma pessoa se apaixona de repente. Esse algo entra na vida e você não tinha calculado. É o Espírito de Deus que nos contagia.
O discípulo-missionário é aquela pessoa tocada pelo Espírito, que experimentando este algo novo, torna-se imediatamente missionária.
Vamos enfocar algumas questões fundamentais, para que possamos entrar na temática da educação.
O método de Aparecida foi “ver”, “julgar” e “agir”. O ponto de partida não é uma análise sociológica da realidade ou um discurso sobre as condições, mas os olhos e o coração dos discípulos. É a novidade que o Senhor introduziu na história, a partir da experiência do ver dos discípulos, do ver que tinha Pedro, Tiago, João. São Mateus depois do encontro, muda a vida. Ele estava no banco da coletoria dos impostos e muda sua vida no ver do encontro com o Senhor.
Ver a vida dos nossos povos hoje, particularmente, com a temática da globalização, em seus efeitos positivos e negativos. Ver qual é a vida dos nossos povos aqui na América Latina e no Caribe.
Julgar a vida de Jesus Cristo nos discípulos e missionários. O que caracteriza a vida dos discípulos? Qual é a qualidade de vida dos discípulos? O que Jesus coloca de novo no coração e na vida? Qual é a novidade?
Agir: A dimensão missionária. A vida de Jesus Cristo para nossos povos. O que se oferece para a vida dos nossos povos? A importância dos grandes temas: defesa da vida, família, cultura, as várias diferenças existentes na sociedade. Na temática ecológica, uma grande atenção dada à Amazônia. E também uma atenção aos afro-descendentes. Um atenção à problemática humana emergente no nosso tempo, às circunstâncias nas quais vivemos, iluminada pela própria vida de Jesus. Nesse tema, o fio condutor é a vida. O Papa Bento XVI o escolheu “para que em Cristo, os nossos povos tenham vida.”
A TEMÁTICA GERAL SOBRE A EDUCAÇÃO
A Conferência de Aparecida observa algo que nós também constatamos: as tradições culturais não se transmitem de uma geração a outra com a mesma fluidez que no passado. Antes era normal que o modo de viver dos pais fosse transmitido aos filhos. Hoje, não é tão fácil assim. Com toda a educação de pais católicos nascem filhos diferentes; em famílias maçônicas e comunistas aparecem filhos católicos. Isto afeta o núcleo mais profundo de cada cultura constituído pela experiência religiosa. Quando a família vive uma experiência religiosa, não é automático que os filhos sejam religiosos, pois entra em jogo muitos outros elementos.
D.A 328 – Por que estamos diante da “emergência educativa dos discípulos e missionários”? Devido às reformas educacionais feitas pelos governos da América Latina e do Caribe, que denotam um reducionismo antropológico, uma visão da pessoa humana reduzida ao qual foi cortada a relação com o transcendente, com o Infinito. Reduzida simplesmente ao plano material, instintivo, ao consumo, sem a perspectiva da relação com o Mistério. Muitas legislações falam sobre isso. O que a escola deve fazer neste mundo competitivo? Preparar para o mercado, para o trabalho e para o consumo. É justa, mas não é o único processo da formação. Com frequência, propiciam fatores contrários à vida, à família e a uma sexualidade sadia. Muitas vezes, esta forma de educação reduzida simplesmente à produção, ao consumo e à cidadania, que são importantes, mas que tem toda a dimensão do encontro com o significado, com o Mistério que é reduzida ou eliminada
Um exemplo desse reducionismo antropológico é o livro didático “Nova História Crítica”, do historiador Mario Schimidt, da Editora Nova Geração. Particularmente os exemplares para a 8ª. séries, na avaliação do ano 2007 para 2008, serão proibidos por ser de cunho de doutrinamento. É um livro de distribuição gratuita pelo Governo Federal. Há muitas discussões de que a escola não pode ser confessional e esse livro no seu conjunto é um confessionalismo puro à ideologia marxista.
Os temas capitalismo, marxismo, Mao-Tsé, Revolução Cubana, Revolução Chinesa são os novos deuses desses tempos. É uma certa visão da realidade que se apresenta como científica e elimina totalmente a referência ao transcendente, que elimina qualquer contato com o Mistério, que elimina a referência ao significado da vida. Aplica de forma grosseira a dialética marxista ao método científico, dizendo que esta é a única visão da realidade. Muitas aulas de história são lutas ferozes contra a Igreja, pois é uma visão unilateral da realidade que não tem nada de científico. A experiência do Mistério é considerada para estes como uma alienação, sendo que muitos cientistas afirmaram o valor do Mistério. Portanto, o contexto em que nós vivemos é de um reducionismo antropológico.
O Documento de Aparecida afirma que não se desenvolve a dimensão religiosa, nem se oferecem caminhos para superar a violência, porque não é explicado o fundamento da dignidade da pessoa. Desde criança, a pessoa tem uma dignidade infinita. Deve ser respeitada não apenas porque é cidadã, mas porque é um mistério do Altíssimo, feita imagem e semelhança de Deus.
A Educação é o lugar privilegiado da promoção e formação integral mediante a assimilação sistemática e crítica da cultura. Promover a pessoa integralmente, não somente no aspecto da produção, do consumo e da cidadania, mas também na sua relação com o significado do Mistério. A educação humaniza e personaliza o ser humano quando consegue que este desenvolva plenamente seu pensamento e sua liberdade. A educação, dessa forma, como relação com todas as coisas, como introdução à realidade total.
A formação integral comporta a defesa da religiosidade aberta a um fim. É uma exigência à abertura ao Infinito, não da religião, mas da razão, que busca um significado. A razão quer conhecer, chegar ao Mistério. Ela não pode ser reduzida ao puro antecedente biológico. Uma pessoa reduzida a um mecanismo, é reduzida aos seus antecedentes biológicos. Em cada um de nós, há dois elementos: o corpo material (inserido plano normal da criação) e o elemento da relação com o Mistério, que é a nossa alma imortal e irredutível aos mecanismos materiais. Somos feitos com vários mecanismos, no entanto há algo em nós que é maior que eles. Em cada pessoa existe a exigência de Infinito, pois é relação com o Mistério.
Dessa forma, a obra educativa não é apenas do professor de religião, mas de todos os educadores.
É preciso educar plenamente a pessoa para viver seu significado. A abertura ao Infinito precisa ser permanentemente educada, uma vez que, sem uma educação, não se sustenta. É necessário algo que nos desperte. Por que o Senhor Jesus veio ao mundo? Para salvar a religiosidade do homem, para salvar essa abertura ao Infinito. E por que existe a Igreja? Para salvar a natureza humana. Para que fazemos a Pastoral da Educação? Para não reduzir a nossa atividade de educadores, para uma formação continuada dos educadores. Sem a formação nos fechamos.
Como Jesus educava? Ele formou pessoalmente os seus apóstolos e discípulos, usando o método: “Vinde e vede”. Vem e faça a experiência de que “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Venham e vejam essa novidade que sou Eu para a vida de vocês, essa novidade que sou Eu para o mundo. Como Jesus, podemos desenvolver as potencialidades que há nas pessoas e formar discípulos-missionários. Portanto, a educação como desenvolvimento pleno e realização da pessoa, com perseverante paciência e sabedoria, como Jesus convidou a todos para segui-Lo.
Mesmo depois de tanto tempo da permanência de Jesus com os apóstolos, não tinham entendido nada. Porém, eram apegados à pessoa de Jesus. Isso era importantíssimo! Os que aceitaram seguir Jesus foram introduzidos no mistério do Reino de Deus. Depois de sua morte e ressurreição os enviou a pregar a Boa Nova com a força do Espírito. Portanto, a educação se faz com paciência, perseverança e sabedoria, segundo uma experiência que ajuda a mudar.
Educa-se pelo fascínio de algo que atrai e conquista, que faz desenvolver e dar um passo a mais. Jesus despertava emoções profundas em seus discípulos e estes ficavam atraídos e maravilhados! A maravilha utilizada como método educativo. O seguimento é fruto de uma fascinação que responde ao desejo de realização humana, ao desejo de vida plena. O discípulo é alguém apaixonado por Cristo, a quem reconhece como Mestre, que O segue e O acompanha. DA 277. Essa que é a verdadeira comunicação. Não é comunicar conceitos. O ponto de partida de nossa pastoral é essa experiência que temos.
Para os educadores é importante a realidade do encontro com a pessoa de Cristo, não de um encontro qualquer, não de um discurso, nem uma série de indicações morais do que se deve ou não fazer. Isto é, que apesar das diferentes apresentações, todos os Evangelhos querem inserir-nos no encontro de fé com a pessoa de Jesus. A própria natureza do cristianismo consiste em perceber a presença de Jesus e o seguir. Essa foi a maravilhosa experiência daqueles que encontraram Jesus. Ficaram fascinados e cheios de assombro, diante da excepcionalidade dAquele que lhes falava, pela maneira como os tratava, correspondendo à fome e à sede de vida que havia em seus corações. Este é o método como Jesus tratava as pessoas e como olhava às pessoas. Esse é o método que podemos utilizar para uma efetiva experiência educativa.
O Evangelho de João deixou plasmado o impacto que produziu Jesus nos dois discípulos - João e André - que o encontraram. O que procuravam? Diante dessa pergunta, seguir um convite a viver uma experiência. O Senhor não dá explicação, mas convida: Venha comigo!
Por isso, a função da Pastoral da Educação, segundo Aparecida, é de uma educação que ofereça às crianças, aos jovens e aos adultos, o encontro com os valores culturais do seu país, descobrindo e integrando neles a dimensão religiosa. Necessitamos de uma Pastoral da Educação dinâmica, inserida nos processos educativos.
D.A. 379 – O tema da liberdade da educação vale não somente para as escolas particulares, onde seja dada uma educação específica, mas também para as escolas públicas. Cada família possui o direito de escolher a educação para seus filhos. Esta parece uma utopia, mas significa que posso matricular o meu filho na escola que eu acho mais conveniente, seja ela do Estado, particular, do Rabinato, do Islã, ou aquela que eu escolho.
Pelo fato de dar-lhes a vida, os pais têm a responsabilidade de oferecer a seus filhos condições favoráveis para o seu crescimento e a séria obrigação de educá-los. Por isso, têm que se reconhecer como os primeiros e principais educadores. O dever da educação familiar é a primeira escola e, quando falta, dificilmente pode ser suprimida.
A Pastoral da Educação é a presença educadora da Igreja no mundo da educação, que permite por meio de processos pedagógicos e educativos o encontro com o Evangelho. O mundo da educação é todo esse mundo complexo, no qual estamos mergulhados.
SÍNTESE
Neste II Congresso Diocesano manifestou-se uma maior maturidade. Aqueles que estão trabalhando na Pastoral da Educação começaram por um interesse pessoal, pelo desejo de levá-la a sério. Em primeiro lugar, não existe uma preocupação organizativa, antes um interesse pessoal suscitado pelo tema da educação, uma vez que estamos todos implicados neste caminho. Não se trata de um comando externo, mas é o interesse pessoal de aprofundar esta questão, visto que na Conferência de Aparecida recebeu um aprofundamento.
No primeiro bloco de respostas à pergunta “Como, por meio de nossa atividade educativa, formamos discípulos e missionários?”, evidencio as palavras “fascínio” e “atração”. Não há educação sem algo atraente para nós, educadores, que nos lance na aventura da vida e da arte educativa. Bento XVI, em seu discurso na explanada em Aparecida, mencionou que “o Senhor nos atrai por meio da sua beleza”. Também ligada à atração que exerce em nós, a força do testemunho, ou seja, o transbordar dessa Beleza encontrada. Nas salas de aula ou nos trabalhos da Pastoral da Educação é uma nova aventura e um novo testemunho que nos impulsiona. O que nos é dito, deve tornar-se um trabalho pessoal. Saiu o Documento de Aparecida, então começar a trabalhar!
Neste primeiro ponto, indico o valor do fascínio, o valor do aprofundamento comum do texto de Aparecida e, sobretudo, o amor ao que se faz e ao que se ensina. Não podemos ser educadores sem a experiência desse amor transbordante. É possível amar se partirmos de algo que vem antes. O ponto de partida é o fato de sermos amados pelo Senhor. Lembre-se do amor que o Senhor tem para com você! Foi Ele quem chamou e escolheu você e deu a vocação ao casamento, à vida familiar ou à vida consagrada. Agora, o que vamos fazer? Este ponto de partida tem o “antes”, que é a experiência do amor. Sem a experiência de sermos amados não podemos receber nem doar algo infinito e bonito. Não somos técnicos ou funcionários! Somos gente amada e escolhida por nome, somos discípulos! Da mesma forma ao longo do Mar da Galiléia, agora percorrendo as estradas de Petrópolis, Magé, Teresópolis, etc., Ele chama e convida: “Venha comigo na aventura da educação!” Tenham presente este fato que está na nossa origem, pois não se refere apenas com o que fazemos em sala de aula, mas tem a ver com o que somos na vida. Se o deixam de lado, estão perdidos! A nossa força é a presença do Mistério feito amigo, que nos toca e que vem antes de qualquer ação. Portanto, antes do início dos nossos dias, lembremo-nos que há Alguém que nos ama, nos quer bem e nos lança nas aventuras da vida.
Nesse segundo ponto, em “como ser e ter consciência crítica e profética diante de uma política de educação, que nem sempre respeita os direitos fundamentais dos cidadãos?”, afirmo que a realidade pode ser transformada. Não é verdade que não tem jeito! Algo pode mudar! Em primeiro lugar, mudo a minha pessoa por causa de uma esperança inefável. E isso já transforma a realidade, já é o princípio de um mundo novo nesta novidade que vive em nós. A realidade pode ser mudada ao assumirmos a nossa identidade e a nossa dimensão profética, ao reconhecermos a nossa origem e identidade, quem somos. Para isso é necessário um itinerário formativo. A Pastoral da Educação é uma grande escola, é uma experiência que nos acompanha ao longo de todo o itinerário formativo humano, uma formação continuada que acompanha os nossos passos, um atrás do outro. Existe para não nos deixar sozinhos e perdidos no nada, é uma experiência de unidade e de comunhão. Atenção: isso vale para todos – diretores, professores, padres, bispo. Se o bispo não possui uma experiência que continuamente o sustenta, fica sozinho. Se está unido aos padres e aos leigos, alimenta-se e pode sustentar outros. Se é válido para o bispo, então vale para cada um de vocês! Somos uma comunidade educativa, onde somos continuamente gerados, ajudados a crescer e a sermos protagonistas neste caminho. E neste itinerário formativo está aquela atitude profética. Escuta-se e ingere-se muitas coisas, como aquele livro “Nova História Crítica”. Sejamos críticos diante dessas reduções antropológicas! E a crítica é possível se temos um critério, ou seja, a nossa experiência pessoal humana e de fé. Não existe neutralidade na educação! Há uma perspectiva clara, esclarecida pelo Santo Papa como uma perspectiva integral, que envolve todas as dimensões da pessoa.
Ser profetas significa ter um juízo claro, mas também ter paixão pelos colegas e pelos alunos, oferecer o abraço a quem está perto de nós. Às vezes tem-se todos os juízos, no entanto não se relaciona com as pessoas. É importante esta questão de pessoas que manifestam o amor de Cristo (Deus Caritas Est), que exprimem um coração diferente, há uma postura afetiva de envolvimento com as pessoas. Esta comoção é um juízo, não é algo intelectual.
Coloco um outro ponto, a partir da pergunta: “O que há de concreto de organização e ação da Pastoral da Educação nos seu decanato e paróquia?
Até o ano passado não havia nada como referência à Pastoral da Educação e neste ano já estamos organizados em nível dos Decanatos. E precisamos prosseguir! Aqui proponho a atenção privilegiada ao trabalho dos decanatos, pois é ali que as riquezas são maiores, uma vez que estão as paróquias e os movimentos eclesiais. Vamos fortalecer a dimensão da Pastoral nos quatro decanatos como trabalho privilegiado, rigoroso e estável. Ao mesmo tempo, aquilo que se aprende nos decanatos deve ser desenvolvido também nas Paróquias.
Retomo que a Pastoral da Educação não é composta apenas pelos diretores e professores. Ela é transversal, incluindo as pastorais familiar, da juventude, universitária, social, carcerária, dentre outras. Por ser muito ampla, não seja restrita apenas à pastoral dos profissionais da educação e do ensino religioso, embora estes sejam um capítulo privilegiado. Trata-se de uma pastoral transversal que está inserida no Plano Pastoral de Conjunto da nossa Diocese, que existe em função da missão e do anúncio do Senhor Ressuscitado.
E um último conselho: dialogar com a estrutura pública institucional. Estão na escola, então tentem dialogar com a direção. São diretoras, busquem o diálogo com a secretaria de educação da cidade. Não podemos ficar passivos! Sejamos positivos, sejamos críticos, porque a nossa experiência de fé não é daquelas pessoas que ficam presas nas paróquias, vão à missa, fazem um momento de oração e fica tudo lá. A nossa experiência de fé entra na estrutura da vida concreta da sociedade, influencia a vida pública, influencia esta emergência educativa diante do reducionismo antropológico. Para que isso aconteça, precisamos fazer o nosso trabalho e para esta atenção é necessária a unidade em nossos decanatos e diocese. Em nível diocesano já existe uma condução afinada, que se reúne sistematicamente e faz referência também na Pastoral da Educação no Regional Leste 1. Este II Congresso foi possível porque existe um núcleo que vive uma amizade e, a partir disso, faz-se uma proposta para todos.
Desejo a vocês de continuarem nos decanatos e nas paróquias com esta intensidade e plenitude. É possível transformar a realidade a partir do abraço de Cristo e da nossa unidade. Obrigado!
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