Palestra realizada por Dom Filippo Santono, Bispo Diocesano de Petrópolis, no 3º Congresso da Pastoral da Educação da Diocese de Petrópolis, em 13 de setembro de 2008, na Universidade Católica de Petrópolis.
... Louvamos a Deus pelo dom maravilhoso da vida. A Conferência de Aparecida diz: “Louvamos a Deus pelo dom maravilhoso da vida, por aquele que a honra e a dignifica ao colocá-la ao serviço dos demais. E porque agradecemos? O Documento explica: “Pelo espírito alegre dos nossos povos, que amam a música, a dança, a poesia, a arte, o esporte, vivem uma firme esperança em meio a problemas e lutas”. A Conferência nos convida a olhar os nossos povos, a olhar a vida, a tradição, a cultura, uma cultura que não é uma cultura para baixo. Mesmo nas dificuldades, nos problemas, está sempre cheia de esperança.
O Valor Sagrado da Vida Humana (nº 108)
“Bendizemos ao Pai porque mesmo entre as dificuldades e incertezas, todo homem aberto sinceramente à verdade e ao bem comum, pode chegar a descobrir a lei natural escrita em seu coração” (cf Rm 2,14-15).
Chamo a atenção que a Conferência de Aparecida não parte de discursos, nem de discursos religiosos sobre Deus, mas é a atenção à realidade que constitui a vida.
É necessário olhar aquela que é a realidade, partir da realidade. Essa é a indicação de um método muito importante para a educação. É importantíssima esta atenção à realidade porque Deus fala através da dela. Não somos sonhadores, não seguimos aquilo que não vemos, mas partimos daquilo que vemos, daquela que é a realidade nossa vida: as perguntas, os questionamentos, as interrogações. Devemos partir, portanto, da realidade, da nossa pessoa, das perguntas fundamentais que caracterizam a nossa vida.
O ponto de partida é aquilo que cada pessoa tem escrito no seu coração: o desejo da verdade, do infinito, de beleza. Tudo isso se chama lei natural, não um conjunto de normas, mas um conjunto de necessidades e exigências. Cada um de nós possui estas exigências. Na correria da vida e no influxo da sociedade, muitas vezes não levamos a sério a realidade da nossa pessoa, não levamos a sério a realidade da vida com todo o seu desejo o amor infinito, com todo o seu grito. Ignoramos, deixando-as de lado e a vida é simplesmente um correr atrás de mil coisas, cheios de afã e preocupações.
O valor sagrado da vida humana desde o seu início até o fim natural é afirmar o direito de cada ser humano de ver respeitado totalmente este seu bem primário. A convivência humana e a própria comunidade política (EV) fundamentam-se no reconhecimento desse direito. É o direito de cada pessoa, de cada ser humano de ver respeitada a própria vida, mas o respeito da vida dos outros depende do olhar que cada um tem sobre a própria vida. Se tem um respeito e um amor à sua pessoa aí há respeito e amor ao outro. O amor a si segundo o Evangelho é contrário ao egoísmo. O egoísmo é um pequeno projeto meu (eu quero isso, eu quero aquilo...). O amor a si é a atenção a algo que está em nós, que recebemos e é maior que nós mesmos: é a voz do Infinito presente na nossa pessoa. O nosso eu é relação com o Mistério, com o Infinito, com a Verdade, com a Beleza e com a Justiça, como realização plena da própria vida. Desse modo é possível o amor a si verdadeiro, como promessa que cada pessoa tem em si mesma. Muitas vezes jogamos este amor a si em várias outras coisas, ignorando nossa humanidade, ignorando aquilo que somos.
Só no amor a si é possível educar fazendo florescer, fazendo crescer toda a riqueza que está dentro da vida dos nossos alunos, das crianças e dos jovens.
E o que é que Jesus diz? Em primeiro lugar, de um olhar repleto de amor para com a nossa família. Quando encontra uma pessoa, Jesus não começa a falar das coisas do céu, mas começa a querer bem a ela, desperta-lhe a vida, dá-lhe esperança.... Trata-se de uma atenção à humanidade, uma atenção à realidade. A convivência humana está baseada no valor da pessoa, no valor da vida, no valor dessa dignidade vivida em qualquer pessoa sem diferença de raça, de religião, de credo. É a valorização plena da vida da pessoa.
Os desafios
Quais são os desafios do nosso tempo? Os desafios diante de uma vida sem sentido, na qual se vive sem saber porquê, sem consciência.
Diante de uma vida sem sentido, Deus nos revela a sua vida íntima e o seu mistério mais elevado: a comunhão Trinitária. Diante do desespero de um mundo sem Deus, que só no sinal definitivo da existência, Jesus nos oferece a ressurreição e a vida eterna.
Em uma reportagem, o brilhante escritor Arnaldo Jabour, escreve: “Dentre tantas coisas, quando se fala da morte o negócio é triste, porque de um lado recusa-se o mundo da religião e de outro, percebe-se que nenhuma proposta satisfaz”. Quer mais, deseja mais. O desejo é o desespero que, no tempo, torna-se cinismo, enquanto o coração deseja muito mais.
Para que serve ganhar o mundo inteiro e depois perder a própria humanidade, a própria dignidade e a riqueza que está em nós? Se você ganha o mundo inteiro e depois perde a sua vida, a sua humanidade, perde a sua pessoa, aquilo que é? Isso é muito importante. Como é precioso o trabalho que vocês fazem com as crianças e jovens, pois, normalmente, tudo entra numa outra direção.
Diante do subjetivismo hedonista, Jesus propõe entregar a vida para ganhá-la, porque quem aprecia sua vida terrena há de perdê-la (Jo 12,25). Jesus propõe entregar a vida, e este é o ponto, porque quem aprecia sua vida terrena vai perdê-la. É próprio do discípulo de Jesus e gastar sua vida como sal da terra de luz do mundo (110).
Portanto, a proposta é dar a vida - quem perde sua vida, seu egoísmo, seu interesse pequeno e limitado, seu pequeno mundo e escolhe a sua realização total. É um eu relacionado com outro, é a mãe que diante do pequeno filho quer a felicidade dele, quer a sua realização. Na doação da vida, perdendo-a, é que se ganha, é que se abre para algo muito maior.
Um outro desafio é o individualismo. Diante do individualismo, Jesus convoca a vivermos e a caminharmos juntos. A vida cristã só se aprofunda e se desenvolve na comunhão fraterna. Jesus nos disse: “Um só é seu Mestre e todos vocês são irmãos (Mt 23,8).
Diante da despersonalização, Jesus ajuda a construir identidades integradas.(110)
Diante da exclusão (112), o da exclusão social, da exclusão antropológica, o desconhecimento da dignidade é a marginalização da pessoa Jesus defende os direitos dos fracos e a vida digna de todo o ser humano. De seu Mestre, o discípulo tem aprendido a lutar contra toda a forma de desprezo da vida e de exploração da pessoa humana. (Bento XVI, Mensagem de Quaresma 2007).
Diante da natureza ameaçada (113), Jesus que conhecia o cuidado do Pai pelas criaturas que Ele alimenta e embeleza (cf. Lc 12,28).
No sermão da montanha (Mt. 5-7), Jesus diz que o Pai do céu alimenta os pássaros, faz crescer os lírios do campo e até os fios de cabelo da cabeça estão todos contados... Não tenham medo! Não é um convite a ficar parado, sem fazer nada. É uma última confiança em tudo aquilo que a gente faz na luta cotidiana. Ter confiança última porque existe um significado bem perto de nós. É diferente começar um novo dia com esta confiança, com essa esperança que começar simplesmente com as nossas preocupações. O início de cada dia é muito importante. O início é esse olhar do Pai do céu e, a partir disso, comunicamos uma experiência positiva, uma visão diferente da vida e da realidade.
Convoca-nos também a cuidar da terra para que ela ofereça abrigo e sustento a todos os homens (Gn 1,29;2,15). Cuidar da terra e não aproveitar, não derrubar e não destruir. Este é o cuidado com a terra com a realidade.
Consumismo x vitalidade que Cristo oferece
O consumismo hedonista e individualista coloca a vida humana em função de um prazer imediato e sem limites e obscurece o sentido da vida e a degrada.
A vitalidade que Cristo oferece nos convida a ampliar nossos horizontes e a reconhecer que abraçando a cruz cotidiana, entramos nas dimensões mais profundas da existência. (357) Trata-se de uma luta, uma batalha, um sacrifício, mas é claro, que tudo depende daquilo que nós amamos. Quando há um significado, faz-se com ímpeto e generosidade. A luta da vida é para viver uma experiência de plenitude e uma humanidade de atenção a nós mesmos, à nossa casa, às crianças, aos jovens que nos são dados na tarefa educativa.
Os novos desafios
Assistem-se hoje os novos desafios que nos solicitam ser voz dos que não tem voz. A criança que está crescendo no seio materno e as pessoas que se encontram ao ocaso são uma voz de vida digna que grita ao céu e que não pode deixar de nos estremecer. É a vida daqueles que não têm voz. Em defesa da vida lutaremos, desde a sua concepção até o seu término natural.
Violação da vida
A liberação e a banalização das práticas abortivas são crimes abomináveis, como também a eutanásia, a manipulação genética e embrionária, os ensaios médicos contrários à ética, a pena de morte e tantas outras maneiras de atentar contra a dignidade e a vida do ser humano. (467).
São estas violações que temos diante dos olhos e não podemos permitir. Como educadores, precisamos educar e buscar a superar. Podemos defender a vida se somos educadores. Não apenas denunciar as violações, mas o importante é conhecer a nossa proposta positiva.
O Senhor da vida (112)
Só o Senhor é autor e dono da vida. O ser humano, sua imagem vivente, é sempre sagrado, desde a sua concepção até a sua morte natural; em todas as circunstâncias e condições de sua vida. Diante das estruturas de morte, Jesus faz presente a vida plena: “Eu vim para dar a vida aos homens e para que a tenham em abundancia”(Jo 10,10).
Compartilho dois testemunhos – de Vicky e Pe. Aldo - que ouvi num grande momento de cultura realizado na cidade de Rimini, Itália, no mês de agosto.
Vicky mora em Uganda, casada e estava em sua terceira gravidez. O seu marido falou para abortar ou iria embora. Ela respondeu que ficaria com a criança e o marido foi embora. Esta criança, um pouco tempo depois de nascida, teve tuberculose e a própria Vicky também ficou doente. Sendo enfermeira, fez o teste do HIV no hospital onde trabalhava. O teste deu positivo. Ela afirmava que era impossível, pois nunca traíra o marido. Então entendeu o porquê do pedido do aborto, pois sabia que a criança nasceria aidética. Com isso, ela entrou em depressão e ficou numa solidão total. Naquele momento foi abandonada pelos seus familiares e pelo seu marido. Em Uganda existe um centro de acolhida às mulheres portadoras do vírus HIV. Ali há uma ajuda a recuperarem a confiança. Um dos voluntários foi visitá-la e ela recusou ajuda: “Se meus parentes me abandonaram por que você deveria me ajudar? Como vão me ajudar? E não quis saber de nada. No mês seguinte, a responsável deste grupo foi visitá-la. Ela bateu a porta dizendo que não queria saber de nada. Então, Rose falou: “Se você quer ficar nessa, tudo bem, mas me deixe levar a criança. Ela tem uma vida pela frente e pode ser curada”. No momento não quis saber. Porém, no dia seguinte pensou e levou a criança. Com o tratamento, o seu filho começou a melhorar. Rose foi visitá-la novamente. Vicky sentiu-se olhada de uma forma diferente e começou a ir ao Centro. Recuperou a esperança e a saúde. Hoje faz parte deste grupo, em que deu seu testemunho: “Tudo isso aconteceu porque alguém me olhou de uma forma diferente, com amor e atenção. Mesmo que tenha mandado Rose embora, ela voltou. Insistiu e veio. Ficou comigo e me deu esperança”. Perguntaram à Rose porque sem conhecer a Vicky ficou perto dela. Ela respondeu que, quando estava com problemas, um padre a olhou de forma diferente, com olhar cheio de esperança. E completou: “Se vocês se recordam a vida de Lázaro, ele estava morto e voltou a viver. Então, a Vicky é um sinal, uma afirmação da vida. O positivo é que estas mulheres foram premiadas por demonstrarem atenção.
Padre Aldo, missionário no Paraguai há vinte anos, recolhe meninos de rua (como faz a Comunidade Jesus Menino que acolhe meninos abandonados) e contou a história de Victor. Este menino nasceu com o cérebro enorme, cheia de água. Os médicos tiraram a água e ele chorava e gemia muito. Pe. Aldo diz: “Enquanto ele chora, fico ajoelhado perto dele e quando o beijo os gemidos se acalmam. Sei que não este menino não tem ninguém e como Cristo na cruz, faço o possível para ele receber amor”. Este é o triunfo da vida e este é o amor de Jesus! Este é o amor puro, que levanta o mundo inteiro! E prossegue: “Consegui recuperar as crianças porque também um outro padre, meu amigo, me olhou assim e me valorizou”. Em nossa vida, tudo depende de um encontro. A Pastoral da Educação tem a possibilidade de fazer um encontro assim; um encontro que ofereça muito amor. Este é o ponto decisivo pelo qual o anúncio de Cristo, seja um anúncio de esperança, que muda a situação e muda a realidade.
O Querigma da Vida (348)
O anúncio do querigma convida a tomar consciência desse amor vivificador de Deus que nos é oferecido em Cristo morto e ressuscitado. Isto é o que primeiro necessitamos anunciar e também escutar, porque a graça tem um primado absoluto na vida cristã e na atividade evangelizadora da Igreja; “pela graça de Deus sou o que sou.”(1Cor 15,10)
A Rose e o Pe. Aldo são a manifestação dessa graça. Padre Aldo quando triste encontrou um amigo que o valorizou e, por isso, se recuperou da depressão. Chegou a escrever: “Para a minha depressão foi uma graça, porque através daquela circunstância descobri que estou ligado a algo muito maior.
A proposta de Cristo (362)
Jesus Cristo nos oferece muito, inclusive muito mais do que esperamos: à samaritana, Ele dá mais que a água do poço; à multidão faminta oferece mais do que o alívio da fome. Entrega-se a si mesmo como a vida em abundância. A vida nova em Cristo é a participação na vida de amor do Deus Uno e Trino. Começa no batismo e chega à sua plenitude na ressurreição final
Ele oferece muito mais daquilo que se espera, muito mais daquilo que uma pessoa deseja imaginar. Quando começa a seguir esse caminho, nos oferece mais do que esperamos. Temos que começar a seguir de verdade. Ou você joga num time ou não joga. Ou você está no time da Pastoral Educação ou não está. É uma etapa, um início, é preciso segui-lo. Se não segue, não pode se queixar, porque se segue, essa é a possibilidade de uma riqueza verdadeira e feliz.
A serviço de uma vida plena para todos (7.1.3)
As condições de vida de muitos abandonados, excluídos e ignorados em suas miséria e dor, contradizem este projeto do Pai e desafiam os cristãos a um maior compromisso a favor da cultura da vida. O reino de vida que Cristo veio trazer é incompatível com essas situações desumana. (358)
Diante das condições desumanas, uma proposta concreta da vida, uma missão.
Uma missão para comunicar vida (7.1.4)
Acrescenta-se vida, doando-a e enfraquece-a no isolamento e na comodidade. De fato, os que mais desfrutam da vida são os que deixam à margem a segurança e se apaixonam na missão de comunicar vida aos demais. (360)
Esta é a lei da vida que cresce quando é oferecida e essa é a beleza de um dom que cresce porque responde e que faz aumentar uma forma íntegra de viver e de experimentar tudo.
A doação da Vida
“Quem aprecia sua vida terrena a perderá” (Jo 12,25). Aqui descobrimos uma outra lei profunda da realidade: a vida se alcança e amadurece à medida que é entrega para dar vida aos outros. Isto é, definitivamente, a missão. Quanto mais nos entregamos, quanto mais na experiência do nosso trabalho e de nossa família o amor acontece, a vida cresce. Quem só quer ganhar, perderá. E quem der algo ganhará cem vezes mais.
Um encontro na sala de aula, aquele encontro de vida, não é um fato burocrático. E não é apenas ensinar filosofia e matemática, mas é um encontro humano. É importante que, quando começamos as aulas, haja um encontro humano, um relacionamento para a comunicação de vida. Esta é a beleza do grande educador e o que ele faz lhe dá satisfação e o faz livre mesmo nas dificuldades. Essa é a liberdade, não o comodismo. Essa é a beleza de quem se entrega, se perde, para construir algo maior.
A dimensão missionária
Necessitamos de uma forte comoção que impeça de instalar na comodidade, no estancamento e na indiferença à margem do sofrimento dos pobres do continente (362).
Necessitamos que cada comunidade cristã se transforme num poderoso centro de irradiação da vida.
A Pastoral da Educação não é mais uma coisa burocrática (Agora vão fazer mais uma pastoral!),. É esta paixão pelo destino do outro; é uma forte comoção pela grandiosidade do amor com o qual Cristo nos ama.
Invoquemos o Espírito Santo a fim de podermos dar testemunho de proximidade que entranha proximidade afetiva. Escuta, humildade, solidariedade, compaixão, diálogo, reconciliação, compromisso com a justiça social e capacidade de compartilhar, como Jesus o fez.
Trata-se de sair de nossa consciência isolada e de nos lançarmos com ousadia e confiança (parresia) à missão de toda a Igreja. (363) Compartilhar com Jesus é construir como Jesus fez. Um anúncio que é feito diante todos.
Necessitamos que o núcleo de professores católicos e cristãos seja uma irradiação poderosa da vida no Decanato, na Diocese.
Maria, discípula missionária
Detemos o olhar em Maria e reconhecemos nela a imagem perfeita da discípula missionária. Ela nos exorta a fazer o que Jesus nos diz (Jo 2,5), para que Ele possa derramar sua vida na América Latina. “Fazei tudo aquilo que Ele disser”. Este é o exemplo de quem oferece a vida, mesmo nas tribulações. Nasce o filho de Deus e precisam fugir para o Egito. Correm daqui e de lá.
Junto com ela estejamos atentos uma vez mais à escuta do Mestre, e ao redor dela, voltarmos a receber com estremecimento o mandado missionário de seu Filho: “Vão e façam discípulos todos os povos”(Mt 28,19) (364)
A cultura da vida para proclamação e sua defesa (7)
Capítulo IX - Família, pessoas e vida. A vida é um presente gratuito de Deus. É dom e tarefa e, por isso, devemos cuidar dela com sagrada atenção, desde a sua concepção, em todas as suas etapas, até a sua morte natural, sem relativismos. (464)
O anúncio vem com ousadia e com coragem. Cada um faça o percurso e tire a sua conclusão, porque esse é o momento em que queremos viver juntos. Não simplesmente para a escuta de uma palestra, mas faça o percurso ao escutar algo que provocaram vida.
Conclusão
Não uma inteligência ou uma energia particular, mas aderir a algo que vem antes. Ser atentos às perguntas da nossa realidade e as dos alunos.
Aderir a uma vida que nos alcança: a vitória de Cristo. (Mulher, não chores!)
Que enche nossos olhos e ilumina toda a realidade. Isso muda o meio.
Mas não como energia ou inteligência particular, pois nem todos são gênios. Todos somos iguais, pessoas normais. Algo que vem antes, algo como nos casos apresentados: um abraço, um olhar, etc. Algo que vem antes de nossa própria vida.
Educamos quando reconhecemos e seguimos a plenitude que dá significado a nossa vida.
Dar razão da vida que está em nós: cultura nova.
Defender e doar a vida.
Anunciar a vida plena para todos
A Pastoral da Educação é esta experiência de unidade, de amizade, que imediatamente transforma a nossa pessoa, transforma a vida e muda o contexto no qual vivemos. Portanto, é contagiante. Assim é quando começamos a ter um trabalho educativo de qualidade e de intensidade.
ASSEMBLÉIA
Pergunta: Como manter viva a chama que hoje se acendeu em meu peito e como multiplicá-la? Como manter vivo esse encontro que hoje estamos fazendo?
D. Filippo: Em primeiro lugar, prestemos atenção ao grito que está em cada um de nós. Fomos tocados pelos testemunhos que contei, pela perspectiva que nasce na Igreja. Todo dia levemos em consideração o nosso coração, as nossas exigências, a nossa humanidade. Levemos a sério a nossa humanidade. Não é óbvio porque de manhã nos distraímos. Tudo fazemos, menos levar a sério as perguntas dentro de um momento de diálogo com o Infinito, com o Mistério. Levar a sério essas perguntas que temos, o grito, as exigências, esta riqueza que hoje se manifestou. Para mim foi um encontro que despertou, porque a vida não é só palestras. A vida é o nosso trabalho pessoal, a partir da realidade e das perguntas que temos em nosso coração.
O segundo aspecto é o serviço que a Pastoral da Educação pode fazer; os núcleos nas paróquias e nos Decanatos, pessoas que se ajudam nesse caminho. Retomar a perspectiva indicada: a atenção à própria vida porque Deus fala através dela, e a atenção ao testemunho dos amigos. Fazer núcleos de trabalho nesse sentido.
Pergunta: Quais as orientações para revertermos, neste mundo contemporâneo, o senso consumista que já se limita ao nível dos conhecimentos e habilidades?
D. Filippo: Como podemos reverter a situação? Vivendo uma nova perspectiva, aquela que o documento de Aparecida, aquela que a nossa Pastoral da Educação, nos indica. Desenvolvemos a nossa vida de forma positiva. O nosso objetivo não é lutar contra os outros, mas desenvolver o bem que está na pessoa humana e na realidade. Batalhamos contra tudo que não nos faz crescer na vida. É como uma mãe que quer o desenvolvimento do filho e luta contra tudo aquilo que quer diminuí-lo. E queremos o máximo do desenvolvimento da pessoa. Esta é a perspectiva: desenvolver todo o positivo, desenvolver a perspectiva da Pastoral da Educação que indicamos. Não esquecer os conhecimentos e habilidades porque são importantes, mas tem um núcleo sagrado da pessoa que consideramos, ou seja, a riqueza da vida em todos os seus aspectos. A partir disso, ter o olhar do Senhor sobre a nossa vida, que se torna o nosso olhar concreto, como aprendemos nos testemunhos que ouvimos.
Pergunta: Como vivenciar na escola o espírito da Pastoral da Educação, mesmo sem professores de Ensino Religioso?
D. Filippo: Quando há professores do ensino religioso é mais fácil, mas quando não temos, o que fazer? Esse encontro não é oferecido apenas para os professores de Ensino Religioso, mas para todos e cada um de nós possui o seu senso religioso, tem o seu encontro com o Senhor, tem a sua humanidade, tem a sua pessoa. Onde não há professores, procure o padre de referência no Decanato. Vamos impulsionar a Pastoral da Educação! Façamos o possível para que venha, para que nos seja dado. Façamos seu itinerário para nossos trabalhos nessa perspectiva.
Pergunta: O Senhor não acha que a valorização da vida tem sido levada aos alunos, pelos professores, de forma geral?
D. Filippo: Sim. Porém no seu dia-a-dia, é clara a deficiência com relação ao apoio das políticas públicas. Esta contribuição é importante e cada um deve fazer o seu trabalho para melhorá-las. É necessário intervir principalmente nas ocasiões das eleições. Verificar qual é a orientação concreta dos candidatos no tema da educação, para que não seja a “Cinderela” de todo programa político, pois só se fala e de fato nada é feito para o reconhecimento da dignidade dos professores. Não é possível que se viva com um dos mais baixos salários que existe! Toda esta batalha é justa e temos de estar na frente. Ao mesmo tempo, o nosso trabalho pessoal deve continuar. E o nosso trabalho é a defesa da vida, mesmo nas piores situações. Então, o incentivo seja para continuar a atitude educativa, seja para incrementar também as políticas públicas em favor da educação.
Pergunta: O que a Igreja Católica local pode fazer para que a escola compartilhe junto à comunidade cristã transformando-o num grande e poderoso templo de irradiação de vida ?
D. Filippo: O que podemos fazer é colocar-nos a serviço da vida. Por exemplo: A Pastoral da Educação não é composta apenas pelos professores, mas está em contato com a Pastoral Familiar, com a Pastoral da Juventude, com Pastoral da Criança e com a Pastoral dos Meninos de Rua, ou seja, está em contato com todas as outras pastorais. Ver este leque, não reduzir só ao ensino escolar formal e institucional. A Pastoral da Educação tem este grande horizonte. Então é preciso ampliá-lo. Começar com o núcleo dos professores, assim como os livros para as turmas do segundo ao quinto anos. Há livros de ensino religioso para a educação infantil específico para católicos, publicados pela Editora Vozes, sendo o tema fundamental “Educar a partir da experiência do amor de Deus”. Colocam-se diante dos nossos olhos o amor de Deus, que foi dado através da vida de Cristo e que continua hoje através das suas testemunhas.
Pergunta: Qual é a melhor maneira de se trabalhar o tema “A valorização da vida” em classes onde os alunos têm diferentes concepções religiosas?
D. Filippo: O tema sobre a vida não é só para católicos, evangélicos ou protestantes. A vida é um tema ecumênico. O amor à vida do padre Aldo não pergunta a que religião pertence, se é batizado ou não. Ele acolhe todos. Tanto o tema da vida, como da dor são ecumênicos. Cristo veio para abraçar a todos. Desenvolvemos, portanto, o tema da vida, abertos a todos, sem restrições. Essa é a gratuidade pura. E aprendemos isso a partir do encontro com Senhor e partir da experiência da Igreja Católica que nos oferece a perspectiva de formação integral.
Pergunta: Existem pessoas disponíveis para dar palestras nas escolas? Como fazer?
D. Filippo: É possível que estas palestras sejam ministradas nas escolas através da Pastoral da Educação, através dos padres em cada Decanato e através da coordenação (Mons. Paulo e Maria Nilva). Eu coloco esses slides à disposição.
Para finalizar, fica um pedido: promover um congresso para a Pastoral dos Católicos na ação política.
... Louvamos a Deus pelo dom maravilhoso da vida. A Conferência de Aparecida diz: “Louvamos a Deus pelo dom maravilhoso da vida, por aquele que a honra e a dignifica ao colocá-la ao serviço dos demais. E porque agradecemos? O Documento explica: “Pelo espírito alegre dos nossos povos, que amam a música, a dança, a poesia, a arte, o esporte, vivem uma firme esperança em meio a problemas e lutas”. A Conferência nos convida a olhar os nossos povos, a olhar a vida, a tradição, a cultura, uma cultura que não é uma cultura para baixo. Mesmo nas dificuldades, nos problemas, está sempre cheia de esperança.
O Valor Sagrado da Vida Humana (nº 108)
“Bendizemos ao Pai porque mesmo entre as dificuldades e incertezas, todo homem aberto sinceramente à verdade e ao bem comum, pode chegar a descobrir a lei natural escrita em seu coração” (cf Rm 2,14-15).
Chamo a atenção que a Conferência de Aparecida não parte de discursos, nem de discursos religiosos sobre Deus, mas é a atenção à realidade que constitui a vida.
É necessário olhar aquela que é a realidade, partir da realidade. Essa é a indicação de um método muito importante para a educação. É importantíssima esta atenção à realidade porque Deus fala através da dela. Não somos sonhadores, não seguimos aquilo que não vemos, mas partimos daquilo que vemos, daquela que é a realidade nossa vida: as perguntas, os questionamentos, as interrogações. Devemos partir, portanto, da realidade, da nossa pessoa, das perguntas fundamentais que caracterizam a nossa vida.
O ponto de partida é aquilo que cada pessoa tem escrito no seu coração: o desejo da verdade, do infinito, de beleza. Tudo isso se chama lei natural, não um conjunto de normas, mas um conjunto de necessidades e exigências. Cada um de nós possui estas exigências. Na correria da vida e no influxo da sociedade, muitas vezes não levamos a sério a realidade da nossa pessoa, não levamos a sério a realidade da vida com todo o seu desejo o amor infinito, com todo o seu grito. Ignoramos, deixando-as de lado e a vida é simplesmente um correr atrás de mil coisas, cheios de afã e preocupações.
O valor sagrado da vida humana desde o seu início até o fim natural é afirmar o direito de cada ser humano de ver respeitado totalmente este seu bem primário. A convivência humana e a própria comunidade política (EV) fundamentam-se no reconhecimento desse direito. É o direito de cada pessoa, de cada ser humano de ver respeitada a própria vida, mas o respeito da vida dos outros depende do olhar que cada um tem sobre a própria vida. Se tem um respeito e um amor à sua pessoa aí há respeito e amor ao outro. O amor a si segundo o Evangelho é contrário ao egoísmo. O egoísmo é um pequeno projeto meu (eu quero isso, eu quero aquilo...). O amor a si é a atenção a algo que está em nós, que recebemos e é maior que nós mesmos: é a voz do Infinito presente na nossa pessoa. O nosso eu é relação com o Mistério, com o Infinito, com a Verdade, com a Beleza e com a Justiça, como realização plena da própria vida. Desse modo é possível o amor a si verdadeiro, como promessa que cada pessoa tem em si mesma. Muitas vezes jogamos este amor a si em várias outras coisas, ignorando nossa humanidade, ignorando aquilo que somos.
Só no amor a si é possível educar fazendo florescer, fazendo crescer toda a riqueza que está dentro da vida dos nossos alunos, das crianças e dos jovens.
E o que é que Jesus diz? Em primeiro lugar, de um olhar repleto de amor para com a nossa família. Quando encontra uma pessoa, Jesus não começa a falar das coisas do céu, mas começa a querer bem a ela, desperta-lhe a vida, dá-lhe esperança.... Trata-se de uma atenção à humanidade, uma atenção à realidade. A convivência humana está baseada no valor da pessoa, no valor da vida, no valor dessa dignidade vivida em qualquer pessoa sem diferença de raça, de religião, de credo. É a valorização plena da vida da pessoa.
Os desafios
Quais são os desafios do nosso tempo? Os desafios diante de uma vida sem sentido, na qual se vive sem saber porquê, sem consciência.
Diante de uma vida sem sentido, Deus nos revela a sua vida íntima e o seu mistério mais elevado: a comunhão Trinitária. Diante do desespero de um mundo sem Deus, que só no sinal definitivo da existência, Jesus nos oferece a ressurreição e a vida eterna.
Em uma reportagem, o brilhante escritor Arnaldo Jabour, escreve: “Dentre tantas coisas, quando se fala da morte o negócio é triste, porque de um lado recusa-se o mundo da religião e de outro, percebe-se que nenhuma proposta satisfaz”. Quer mais, deseja mais. O desejo é o desespero que, no tempo, torna-se cinismo, enquanto o coração deseja muito mais.
Para que serve ganhar o mundo inteiro e depois perder a própria humanidade, a própria dignidade e a riqueza que está em nós? Se você ganha o mundo inteiro e depois perde a sua vida, a sua humanidade, perde a sua pessoa, aquilo que é? Isso é muito importante. Como é precioso o trabalho que vocês fazem com as crianças e jovens, pois, normalmente, tudo entra numa outra direção.
Diante do subjetivismo hedonista, Jesus propõe entregar a vida para ganhá-la, porque quem aprecia sua vida terrena há de perdê-la (Jo 12,25). Jesus propõe entregar a vida, e este é o ponto, porque quem aprecia sua vida terrena vai perdê-la. É próprio do discípulo de Jesus e gastar sua vida como sal da terra de luz do mundo (110).
Portanto, a proposta é dar a vida - quem perde sua vida, seu egoísmo, seu interesse pequeno e limitado, seu pequeno mundo e escolhe a sua realização total. É um eu relacionado com outro, é a mãe que diante do pequeno filho quer a felicidade dele, quer a sua realização. Na doação da vida, perdendo-a, é que se ganha, é que se abre para algo muito maior.
Um outro desafio é o individualismo. Diante do individualismo, Jesus convoca a vivermos e a caminharmos juntos. A vida cristã só se aprofunda e se desenvolve na comunhão fraterna. Jesus nos disse: “Um só é seu Mestre e todos vocês são irmãos (Mt 23,8).
Diante da despersonalização, Jesus ajuda a construir identidades integradas.(110)
Diante da exclusão (112), o da exclusão social, da exclusão antropológica, o desconhecimento da dignidade é a marginalização da pessoa Jesus defende os direitos dos fracos e a vida digna de todo o ser humano. De seu Mestre, o discípulo tem aprendido a lutar contra toda a forma de desprezo da vida e de exploração da pessoa humana. (Bento XVI, Mensagem de Quaresma 2007).
Diante da natureza ameaçada (113), Jesus que conhecia o cuidado do Pai pelas criaturas que Ele alimenta e embeleza (cf. Lc 12,28).
No sermão da montanha (Mt. 5-7), Jesus diz que o Pai do céu alimenta os pássaros, faz crescer os lírios do campo e até os fios de cabelo da cabeça estão todos contados... Não tenham medo! Não é um convite a ficar parado, sem fazer nada. É uma última confiança em tudo aquilo que a gente faz na luta cotidiana. Ter confiança última porque existe um significado bem perto de nós. É diferente começar um novo dia com esta confiança, com essa esperança que começar simplesmente com as nossas preocupações. O início de cada dia é muito importante. O início é esse olhar do Pai do céu e, a partir disso, comunicamos uma experiência positiva, uma visão diferente da vida e da realidade.
Convoca-nos também a cuidar da terra para que ela ofereça abrigo e sustento a todos os homens (Gn 1,29;2,15). Cuidar da terra e não aproveitar, não derrubar e não destruir. Este é o cuidado com a terra com a realidade.
Consumismo x vitalidade que Cristo oferece
O consumismo hedonista e individualista coloca a vida humana em função de um prazer imediato e sem limites e obscurece o sentido da vida e a degrada.
A vitalidade que Cristo oferece nos convida a ampliar nossos horizontes e a reconhecer que abraçando a cruz cotidiana, entramos nas dimensões mais profundas da existência. (357) Trata-se de uma luta, uma batalha, um sacrifício, mas é claro, que tudo depende daquilo que nós amamos. Quando há um significado, faz-se com ímpeto e generosidade. A luta da vida é para viver uma experiência de plenitude e uma humanidade de atenção a nós mesmos, à nossa casa, às crianças, aos jovens que nos são dados na tarefa educativa.
Os novos desafios
Assistem-se hoje os novos desafios que nos solicitam ser voz dos que não tem voz. A criança que está crescendo no seio materno e as pessoas que se encontram ao ocaso são uma voz de vida digna que grita ao céu e que não pode deixar de nos estremecer. É a vida daqueles que não têm voz. Em defesa da vida lutaremos, desde a sua concepção até o seu término natural.
Violação da vida
A liberação e a banalização das práticas abortivas são crimes abomináveis, como também a eutanásia, a manipulação genética e embrionária, os ensaios médicos contrários à ética, a pena de morte e tantas outras maneiras de atentar contra a dignidade e a vida do ser humano. (467).
São estas violações que temos diante dos olhos e não podemos permitir. Como educadores, precisamos educar e buscar a superar. Podemos defender a vida se somos educadores. Não apenas denunciar as violações, mas o importante é conhecer a nossa proposta positiva.
O Senhor da vida (112)
Só o Senhor é autor e dono da vida. O ser humano, sua imagem vivente, é sempre sagrado, desde a sua concepção até a sua morte natural; em todas as circunstâncias e condições de sua vida. Diante das estruturas de morte, Jesus faz presente a vida plena: “Eu vim para dar a vida aos homens e para que a tenham em abundancia”(Jo 10,10).
Compartilho dois testemunhos – de Vicky e Pe. Aldo - que ouvi num grande momento de cultura realizado na cidade de Rimini, Itália, no mês de agosto.
Vicky mora em Uganda, casada e estava em sua terceira gravidez. O seu marido falou para abortar ou iria embora. Ela respondeu que ficaria com a criança e o marido foi embora. Esta criança, um pouco tempo depois de nascida, teve tuberculose e a própria Vicky também ficou doente. Sendo enfermeira, fez o teste do HIV no hospital onde trabalhava. O teste deu positivo. Ela afirmava que era impossível, pois nunca traíra o marido. Então entendeu o porquê do pedido do aborto, pois sabia que a criança nasceria aidética. Com isso, ela entrou em depressão e ficou numa solidão total. Naquele momento foi abandonada pelos seus familiares e pelo seu marido. Em Uganda existe um centro de acolhida às mulheres portadoras do vírus HIV. Ali há uma ajuda a recuperarem a confiança. Um dos voluntários foi visitá-la e ela recusou ajuda: “Se meus parentes me abandonaram por que você deveria me ajudar? Como vão me ajudar? E não quis saber de nada. No mês seguinte, a responsável deste grupo foi visitá-la. Ela bateu a porta dizendo que não queria saber de nada. Então, Rose falou: “Se você quer ficar nessa, tudo bem, mas me deixe levar a criança. Ela tem uma vida pela frente e pode ser curada”. No momento não quis saber. Porém, no dia seguinte pensou e levou a criança. Com o tratamento, o seu filho começou a melhorar. Rose foi visitá-la novamente. Vicky sentiu-se olhada de uma forma diferente e começou a ir ao Centro. Recuperou a esperança e a saúde. Hoje faz parte deste grupo, em que deu seu testemunho: “Tudo isso aconteceu porque alguém me olhou de uma forma diferente, com amor e atenção. Mesmo que tenha mandado Rose embora, ela voltou. Insistiu e veio. Ficou comigo e me deu esperança”. Perguntaram à Rose porque sem conhecer a Vicky ficou perto dela. Ela respondeu que, quando estava com problemas, um padre a olhou de forma diferente, com olhar cheio de esperança. E completou: “Se vocês se recordam a vida de Lázaro, ele estava morto e voltou a viver. Então, a Vicky é um sinal, uma afirmação da vida. O positivo é que estas mulheres foram premiadas por demonstrarem atenção.
Padre Aldo, missionário no Paraguai há vinte anos, recolhe meninos de rua (como faz a Comunidade Jesus Menino que acolhe meninos abandonados) e contou a história de Victor. Este menino nasceu com o cérebro enorme, cheia de água. Os médicos tiraram a água e ele chorava e gemia muito. Pe. Aldo diz: “Enquanto ele chora, fico ajoelhado perto dele e quando o beijo os gemidos se acalmam. Sei que não este menino não tem ninguém e como Cristo na cruz, faço o possível para ele receber amor”. Este é o triunfo da vida e este é o amor de Jesus! Este é o amor puro, que levanta o mundo inteiro! E prossegue: “Consegui recuperar as crianças porque também um outro padre, meu amigo, me olhou assim e me valorizou”. Em nossa vida, tudo depende de um encontro. A Pastoral da Educação tem a possibilidade de fazer um encontro assim; um encontro que ofereça muito amor. Este é o ponto decisivo pelo qual o anúncio de Cristo, seja um anúncio de esperança, que muda a situação e muda a realidade.
O Querigma da Vida (348)
O anúncio do querigma convida a tomar consciência desse amor vivificador de Deus que nos é oferecido em Cristo morto e ressuscitado. Isto é o que primeiro necessitamos anunciar e também escutar, porque a graça tem um primado absoluto na vida cristã e na atividade evangelizadora da Igreja; “pela graça de Deus sou o que sou.”(1Cor 15,10)
A Rose e o Pe. Aldo são a manifestação dessa graça. Padre Aldo quando triste encontrou um amigo que o valorizou e, por isso, se recuperou da depressão. Chegou a escrever: “Para a minha depressão foi uma graça, porque através daquela circunstância descobri que estou ligado a algo muito maior.
A proposta de Cristo (362)
Jesus Cristo nos oferece muito, inclusive muito mais do que esperamos: à samaritana, Ele dá mais que a água do poço; à multidão faminta oferece mais do que o alívio da fome. Entrega-se a si mesmo como a vida em abundância. A vida nova em Cristo é a participação na vida de amor do Deus Uno e Trino. Começa no batismo e chega à sua plenitude na ressurreição final
Ele oferece muito mais daquilo que se espera, muito mais daquilo que uma pessoa deseja imaginar. Quando começa a seguir esse caminho, nos oferece mais do que esperamos. Temos que começar a seguir de verdade. Ou você joga num time ou não joga. Ou você está no time da Pastoral Educação ou não está. É uma etapa, um início, é preciso segui-lo. Se não segue, não pode se queixar, porque se segue, essa é a possibilidade de uma riqueza verdadeira e feliz.
A serviço de uma vida plena para todos (7.1.3)
As condições de vida de muitos abandonados, excluídos e ignorados em suas miséria e dor, contradizem este projeto do Pai e desafiam os cristãos a um maior compromisso a favor da cultura da vida. O reino de vida que Cristo veio trazer é incompatível com essas situações desumana. (358)
Diante das condições desumanas, uma proposta concreta da vida, uma missão.
Uma missão para comunicar vida (7.1.4)
Acrescenta-se vida, doando-a e enfraquece-a no isolamento e na comodidade. De fato, os que mais desfrutam da vida são os que deixam à margem a segurança e se apaixonam na missão de comunicar vida aos demais. (360)
Esta é a lei da vida que cresce quando é oferecida e essa é a beleza de um dom que cresce porque responde e que faz aumentar uma forma íntegra de viver e de experimentar tudo.
A doação da Vida
“Quem aprecia sua vida terrena a perderá” (Jo 12,25). Aqui descobrimos uma outra lei profunda da realidade: a vida se alcança e amadurece à medida que é entrega para dar vida aos outros. Isto é, definitivamente, a missão. Quanto mais nos entregamos, quanto mais na experiência do nosso trabalho e de nossa família o amor acontece, a vida cresce. Quem só quer ganhar, perderá. E quem der algo ganhará cem vezes mais.
Um encontro na sala de aula, aquele encontro de vida, não é um fato burocrático. E não é apenas ensinar filosofia e matemática, mas é um encontro humano. É importante que, quando começamos as aulas, haja um encontro humano, um relacionamento para a comunicação de vida. Esta é a beleza do grande educador e o que ele faz lhe dá satisfação e o faz livre mesmo nas dificuldades. Essa é a liberdade, não o comodismo. Essa é a beleza de quem se entrega, se perde, para construir algo maior.
A dimensão missionária
Necessitamos de uma forte comoção que impeça de instalar na comodidade, no estancamento e na indiferença à margem do sofrimento dos pobres do continente (362).
Necessitamos que cada comunidade cristã se transforme num poderoso centro de irradiação da vida.
A Pastoral da Educação não é mais uma coisa burocrática (Agora vão fazer mais uma pastoral!),. É esta paixão pelo destino do outro; é uma forte comoção pela grandiosidade do amor com o qual Cristo nos ama.
Invoquemos o Espírito Santo a fim de podermos dar testemunho de proximidade que entranha proximidade afetiva. Escuta, humildade, solidariedade, compaixão, diálogo, reconciliação, compromisso com a justiça social e capacidade de compartilhar, como Jesus o fez.
Trata-se de sair de nossa consciência isolada e de nos lançarmos com ousadia e confiança (parresia) à missão de toda a Igreja. (363) Compartilhar com Jesus é construir como Jesus fez. Um anúncio que é feito diante todos.
Necessitamos que o núcleo de professores católicos e cristãos seja uma irradiação poderosa da vida no Decanato, na Diocese.
Maria, discípula missionária
Detemos o olhar em Maria e reconhecemos nela a imagem perfeita da discípula missionária. Ela nos exorta a fazer o que Jesus nos diz (Jo 2,5), para que Ele possa derramar sua vida na América Latina. “Fazei tudo aquilo que Ele disser”. Este é o exemplo de quem oferece a vida, mesmo nas tribulações. Nasce o filho de Deus e precisam fugir para o Egito. Correm daqui e de lá.
Junto com ela estejamos atentos uma vez mais à escuta do Mestre, e ao redor dela, voltarmos a receber com estremecimento o mandado missionário de seu Filho: “Vão e façam discípulos todos os povos”(Mt 28,19) (364)
A cultura da vida para proclamação e sua defesa (7)
Capítulo IX - Família, pessoas e vida. A vida é um presente gratuito de Deus. É dom e tarefa e, por isso, devemos cuidar dela com sagrada atenção, desde a sua concepção, em todas as suas etapas, até a sua morte natural, sem relativismos. (464)
O anúncio vem com ousadia e com coragem. Cada um faça o percurso e tire a sua conclusão, porque esse é o momento em que queremos viver juntos. Não simplesmente para a escuta de uma palestra, mas faça o percurso ao escutar algo que provocaram vida.
Conclusão
Não uma inteligência ou uma energia particular, mas aderir a algo que vem antes. Ser atentos às perguntas da nossa realidade e as dos alunos.
Aderir a uma vida que nos alcança: a vitória de Cristo. (Mulher, não chores!)
Que enche nossos olhos e ilumina toda a realidade. Isso muda o meio.
Mas não como energia ou inteligência particular, pois nem todos são gênios. Todos somos iguais, pessoas normais. Algo que vem antes, algo como nos casos apresentados: um abraço, um olhar, etc. Algo que vem antes de nossa própria vida.
Educamos quando reconhecemos e seguimos a plenitude que dá significado a nossa vida.
Dar razão da vida que está em nós: cultura nova.
Defender e doar a vida.
Anunciar a vida plena para todos
A Pastoral da Educação é esta experiência de unidade, de amizade, que imediatamente transforma a nossa pessoa, transforma a vida e muda o contexto no qual vivemos. Portanto, é contagiante. Assim é quando começamos a ter um trabalho educativo de qualidade e de intensidade.
ASSEMBLÉIA
Pergunta: Como manter viva a chama que hoje se acendeu em meu peito e como multiplicá-la? Como manter vivo esse encontro que hoje estamos fazendo?
D. Filippo: Em primeiro lugar, prestemos atenção ao grito que está em cada um de nós. Fomos tocados pelos testemunhos que contei, pela perspectiva que nasce na Igreja. Todo dia levemos em consideração o nosso coração, as nossas exigências, a nossa humanidade. Levemos a sério a nossa humanidade. Não é óbvio porque de manhã nos distraímos. Tudo fazemos, menos levar a sério as perguntas dentro de um momento de diálogo com o Infinito, com o Mistério. Levar a sério essas perguntas que temos, o grito, as exigências, esta riqueza que hoje se manifestou. Para mim foi um encontro que despertou, porque a vida não é só palestras. A vida é o nosso trabalho pessoal, a partir da realidade e das perguntas que temos em nosso coração.
O segundo aspecto é o serviço que a Pastoral da Educação pode fazer; os núcleos nas paróquias e nos Decanatos, pessoas que se ajudam nesse caminho. Retomar a perspectiva indicada: a atenção à própria vida porque Deus fala através dela, e a atenção ao testemunho dos amigos. Fazer núcleos de trabalho nesse sentido.
Pergunta: Quais as orientações para revertermos, neste mundo contemporâneo, o senso consumista que já se limita ao nível dos conhecimentos e habilidades?
D. Filippo: Como podemos reverter a situação? Vivendo uma nova perspectiva, aquela que o documento de Aparecida, aquela que a nossa Pastoral da Educação, nos indica. Desenvolvemos a nossa vida de forma positiva. O nosso objetivo não é lutar contra os outros, mas desenvolver o bem que está na pessoa humana e na realidade. Batalhamos contra tudo que não nos faz crescer na vida. É como uma mãe que quer o desenvolvimento do filho e luta contra tudo aquilo que quer diminuí-lo. E queremos o máximo do desenvolvimento da pessoa. Esta é a perspectiva: desenvolver todo o positivo, desenvolver a perspectiva da Pastoral da Educação que indicamos. Não esquecer os conhecimentos e habilidades porque são importantes, mas tem um núcleo sagrado da pessoa que consideramos, ou seja, a riqueza da vida em todos os seus aspectos. A partir disso, ter o olhar do Senhor sobre a nossa vida, que se torna o nosso olhar concreto, como aprendemos nos testemunhos que ouvimos.
Pergunta: Como vivenciar na escola o espírito da Pastoral da Educação, mesmo sem professores de Ensino Religioso?
D. Filippo: Quando há professores do ensino religioso é mais fácil, mas quando não temos, o que fazer? Esse encontro não é oferecido apenas para os professores de Ensino Religioso, mas para todos e cada um de nós possui o seu senso religioso, tem o seu encontro com o Senhor, tem a sua humanidade, tem a sua pessoa. Onde não há professores, procure o padre de referência no Decanato. Vamos impulsionar a Pastoral da Educação! Façamos o possível para que venha, para que nos seja dado. Façamos seu itinerário para nossos trabalhos nessa perspectiva.
Pergunta: O Senhor não acha que a valorização da vida tem sido levada aos alunos, pelos professores, de forma geral?
D. Filippo: Sim. Porém no seu dia-a-dia, é clara a deficiência com relação ao apoio das políticas públicas. Esta contribuição é importante e cada um deve fazer o seu trabalho para melhorá-las. É necessário intervir principalmente nas ocasiões das eleições. Verificar qual é a orientação concreta dos candidatos no tema da educação, para que não seja a “Cinderela” de todo programa político, pois só se fala e de fato nada é feito para o reconhecimento da dignidade dos professores. Não é possível que se viva com um dos mais baixos salários que existe! Toda esta batalha é justa e temos de estar na frente. Ao mesmo tempo, o nosso trabalho pessoal deve continuar. E o nosso trabalho é a defesa da vida, mesmo nas piores situações. Então, o incentivo seja para continuar a atitude educativa, seja para incrementar também as políticas públicas em favor da educação.
Pergunta: O que a Igreja Católica local pode fazer para que a escola compartilhe junto à comunidade cristã transformando-o num grande e poderoso templo de irradiação de vida ?
D. Filippo: O que podemos fazer é colocar-nos a serviço da vida. Por exemplo: A Pastoral da Educação não é composta apenas pelos professores, mas está em contato com a Pastoral Familiar, com a Pastoral da Juventude, com Pastoral da Criança e com a Pastoral dos Meninos de Rua, ou seja, está em contato com todas as outras pastorais. Ver este leque, não reduzir só ao ensino escolar formal e institucional. A Pastoral da Educação tem este grande horizonte. Então é preciso ampliá-lo. Começar com o núcleo dos professores, assim como os livros para as turmas do segundo ao quinto anos. Há livros de ensino religioso para a educação infantil específico para católicos, publicados pela Editora Vozes, sendo o tema fundamental “Educar a partir da experiência do amor de Deus”. Colocam-se diante dos nossos olhos o amor de Deus, que foi dado através da vida de Cristo e que continua hoje através das suas testemunhas.
Pergunta: Qual é a melhor maneira de se trabalhar o tema “A valorização da vida” em classes onde os alunos têm diferentes concepções religiosas?
D. Filippo: O tema sobre a vida não é só para católicos, evangélicos ou protestantes. A vida é um tema ecumênico. O amor à vida do padre Aldo não pergunta a que religião pertence, se é batizado ou não. Ele acolhe todos. Tanto o tema da vida, como da dor são ecumênicos. Cristo veio para abraçar a todos. Desenvolvemos, portanto, o tema da vida, abertos a todos, sem restrições. Essa é a gratuidade pura. E aprendemos isso a partir do encontro com Senhor e partir da experiência da Igreja Católica que nos oferece a perspectiva de formação integral.
Pergunta: Existem pessoas disponíveis para dar palestras nas escolas? Como fazer?
D. Filippo: É possível que estas palestras sejam ministradas nas escolas através da Pastoral da Educação, através dos padres em cada Decanato e através da coordenação (Mons. Paulo e Maria Nilva). Eu coloco esses slides à disposição.
Para finalizar, fica um pedido: promover um congresso para a Pastoral dos Católicos na ação política.
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